terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Lenda da Mata da Rainha - Pedrogão de S. Pedro

A oeste de Pedrogão existiu, em tempos idos, um Rei que tinha uma filha dotada de peregrina beleza. Esta encantadora princesa foi resquestada por dois príncipes de alta linhagem que, à profia, disputaram entre si a posse de tão linda menina e real donzela, que jamais, por sua vez, atendeu aos galanteios dos seus dois apaixonados.

Eles, porém, não desanimaram do seu intento. O Rei, vendo a paixão dos dois príncipes, resoveu dá-la a um deles.
Como e de que maneira? - Ambos a desejavam possuir e ambos a amavam. - Era esta a constante preocupação do Real Senhor, daquela terra.
Resolveu, por fim, fazer uma proposta aos dois galanteadores de sua filha. Para isso, mandou-os chamar ao palácio e disse-lhes, desta maneira:
«Eu sei que vós desejais a minha filha, e sei, igualmente, que sereis capazes de lhe dar a estimacão que requer a sua real pessoa. Não pode ser para ambos, e por isso, vou propor-vos o seguinte:»
«Tu, apontado para um dos príncipes, vais fazer um chafariz, que dê água suficiente para abastecer as minhas terras e as minhas gentes; e tu, voltando-se para o outro pretendente, vais construir uma torre que sirva de vigia às minhas terras. Aquele de entre vós, que primeiro acabar a obra que vos imponho, terá a mão de minha filha.»
Quer um, quer outro, dos pendentes à princesa, ficaram, a princípio, preocupados, pois aquelas terras eram pobríssimas de água e de granito próprio para a construção da torre. Mas, como o amor tudo vence, os príncipes começaram a trabalhar na sua obra, vendo já nela, como prémio, a mão da pricesa.

Sucedeu, porém, que, quando o construtor da torre deu sinal de conclusão da obra estar pronta, no chafariz rebentava a água a jorros.
O pleito não teve, portanto, o resultado desejado pelo Senhor da quinta e pelos príncipes apaixonados. Diz a tradição, ou, para melhor, a lenda, que o construtor do chafariz, foi, em virtude daquelas terras serem pobres de água, como já dissemos, buscá-la aos Três Povos - Salgueiro, Quintãs e Escarigo -, a quinze quilómetros da quinta.
Junto destas povoações encontra-se ainda a canalização, em pedra, que, segundo a tradição, levava água ao dito chafariz.
Acerca da disputa da mão da princesa, há ainda uma outra versão, embora com menos adeptos do que a que acabamos de narrar. É a seguinte:
O Rei colocou a filha num certo e determinado ponto e mandou colocar os dois contendores em lados opostos e à mesma distância da menina. O pai desta, dando um sinal, mandou correr os príncipes para junto da filha e aquele dos corredores que chegasse primeiro à meta (a princesa), tê-la-ia por esposa. Como nas construções, os contendores chegaram ao mesmo tempo. Não tendo este segundo pleito dado resultado, os dois príncipes combinaram, então uma Justa, e o sobrevivente da luta casaria com a princesa.
O duelo começou e logo no princípio se tornou tão renhida e encarniçada, que a princesa se meteu de permeio, sendo atingida por um dos contendores, pelo que sofreu a morte. Para lembrar esta princesa, a que o povo já chamava rainha, a pequena povoação que se ergue no local onde s deu a morte, tomou o nome de Mata da Rainha, e, junto desta, a meia légua, a povoação da Torre dos Namorados em lembrança da torre destruída por um dos pretendentes à mão da princesa.


Publicado por João Janela,Ana lopes,Ana Andrade
in O Concelho de Penamacor na História, na Tradição e na Lenda, (pp. 261, 262) de José Manuel Landeiro

Sem comentários:

Enviar um comentário